Viver, levar

Assim como tudo passa, o vento leva, a água traz, os braços deixam os corpos que estavam conectados, a voz se enfraquece com cada passo dado, e assim a vida se vai a cada minuto que se desfruta dela ou não, e viver é a melhor parte para que nada se perca, para tudo que for levado vá por alguma razão, e que fique guardado o que de bom ficou, do que se foi.

Muita, coisa solta

É muita gente falando nada e pensando tudo
Muita coisa desperdiçada, solta e sem rumo

Pensamentos voam com o vento
O mesmo vento que leva a tristeza e que traz a dor

E estão todos ligados
Muitas vezes enfiados em um simples marasmo
Sem volta,  presos, fugitivos e aguniandos

Muita coisa sem volta

Pessoas não se calam, vozes ainda falam (?)
Não siga, persista
E você vai em frente, aguenta, experimenta
E no final
Espera.

Junto a ti

Junto a ti, em silêncio
Meu corpo respira, acalma
Não é como se fosse uma música
Mas faz um bem danado para a alma

Silêncio que pode vir de longe, de perto
Mas fique esperto (pode doer)

Penso inquietudes
Afetando meu eu, como se fosse brasa
Que queima, arde e arraza  (coração)

O despertar dos desejos mais insanos
São coisa de um ser humano
Com suas ideias propícias,
E todas cheias de malícia (vida)

Chegue, sente
A inquietude do meu coração abraça, afaga

Não tenha medo,
Desejos loucos todos temos
Mesmo que alguns possam parecer pequenos

Mas não vá, fique
Sonhe comigo, não fique triste
Seu amor basta, não duvide

Pra que mais silêncio,
Se junto a ti a sinfonia se completa,
E meu coração sossega?

Prosa

Me leve minha prosa
Seja bondosa
Me leve para onde for
Me tira desse profundo mar de alucinações inoportunas

Me busque, me pegue
Invente uma fulga para nós
Nos leve para sua calmaria,
Seu ponto de partida

Me beije, me abrace, me sinta
E deixe eu ser apenas o que você quiser

Me amarre, me jogue, me leve
Me leve para seus braços acalentados

Me deixe repousar sobre o veludo que és tua pele
Me deixe com você
Me leve para onde você for.

Para lembrar


Lembra da primeira vez...
De quando nossos olhos se encontraram
De quando nossos sorrisos de conectaram
De quando nosso coração bateu diferente?
De como um olhava para o outro
De como o jeito de pegar na mão foi diferente?
Amor.
Lembra do nosso primeiro beijo,
Nervoso e sem jeito?
De como minhas mãos estavam trêmulas,
De emoção, e talvez até alegria, por saber que não seria somente aquela vez,
Lembra?
Amor.

Já ouvi muitos dizerem por ai que amor a primeira vista não existe.
Provei do meu próprio veneno, pois é.

É diferente de tudo, inigualável, um vendaval
É como se fosse injetada adrenalina diretamente no coração
Acelerando ao máximo, adrenalina de amor
Remédio, ou uma droga, perfeita, e que cura ferida.

Do gostar

Gosto do frio. Gosto do quente. Gosto do amor e do amar. Do conhecer e do saber. Do drama delinquente. Do sofrer. Do amanhecer.

Que seja

Nem sempre você se sente sozinha porque quer, mas sua mente pede, seu corpo exige. O subconsciente afeta.

Amiga.

Amiga de copo, amiga de vida, amiga de brisa.
Tudo e todos e nós duas em um só.
Um só coração, uma só música, um só compasso.
De todas a mais confortante e sábia.
Do mundo, a mais mãe e amiga.
Da vida, meu carma!
Ah amiga, o que seria minha vida.
Sem nossas brisas, brigas e planos.
Coisas de um ser humano.
Ai se um dia ousasse a me deixar.
Eu iria te buscar.
Nem que fosse preciso nadar.

Abraço

O gosto de um abraço sincero, a suavidade de um sorriso singelo. Tudo o que você esta precisando quando seu coração está sangrando, gritando, implorando. Seu corpo necessita, sua mente suplica. Abraço. O que vem a te confortar, aquele que vem a te abraçar. Sinta. Como se tudo parasse e sua mente se focasse em um só sentido. Abrace.

Uma hora

Nada como seu afago, seu abraço, e as vezes seu jeito amargo.
Tudo em você, tudo em mim, tudo em nós.
Ao todo dois, um par, um perfeito par.
O mundo ao nosso favor e a vida ao nosso dispor.
Sim, temos o melhor amor do mundo.

No banco da praça

Em um dia qualquer, não me lembro qual exatamente, em uma praça qualquer, sentada e olhando para o nada com a cara mais entediada do mundo, um jovem veio caminhando até onde eu me encontrava, com um rosto frio e pálido, parecia que sangue não corria em suas veias, cheguei a ficar estática e cheguei a pensar por um vasto milésimo de segundo que seria de fato um corpo cadavérico e que estaria vindo a mim pelo simples motivo de querer me levar com ele para onde quer que ele fosse, eu não sabia o porque, mas se ele quisesse realmente me levar, não hesitaria muito em ir com ele.
Então o jovem, um rapaz esguio e mesmo em seu estado expressivo, tinha uns traços bem bonitos, cabelos curtos em tom um pouco dourado/acobreado - quando está frio nessa cidade tudo fica tão cinzento que as vezes não conseguimos distinguir muito bem as cores - olhos claros, olhar penetrante, queixo quadrado, lábios não muito grossos mas bem desenhados, nariz no lugar e orelhas também. Ele se sentou bem ao meu lado, - e venho aqui lembrar que nem o convidei -, até porque minha expressão era de uma pessoa assustada e tenho certeza que minha cara não era das mais convidativas, mas o deixei ali, o banco não era meu mesmo, nem me importei. Então esse belo rapaz, prefiro me referir assim, virou-se para mim e me olhou com aqueles olhos penetrantes que pareciam um mar de desilusão, e então eu não me contive e já fui abrindo minha boca para falar algo, até porque não estava mais aguentando aquele clima tenso pairando, e minha expressão, e a dele também. - “olá rapaz” -, sorri, - “está tão entediado quanto a mim que também se sentou para olhar para o nada?” - perguntei, mesmo sabendo que não era o que eu realmente queria saber. E com a voz que eu imaginava que sairia da boca dele, uma voz sem gosto, sem ânimo, ele falou: “Olá moça”, ele sorriu de volta, mas não com a mesma vontade que eu, - “estava só andando por aí, já estava cansado e por isso resolvi parar, mas também posso dizer que há sim um pouco de tédio” -, e fez uma cara de desânimo e continuou a me olhar como se esperasse que eu tirasse uma bala do bolso e lhe oferecesse, mas não aconteceu. “Ah que bom, estava fazendo uma caminhada então né?, faz bem mesmo!”, agora já sorri mais contida esperando que ele respondesse que realmente estaria caminhando. “Sim estava caminhando, mas não uma caminhada para me exercitar, na verdade estou caminhando há muito tempo, horas, dias, meses talvez, não lembro, já não faço mais essa contabilidade, apenas deixo me levar”, e olhou para o lado para acompanhar alguns pássaros que haviam voado da copa de uma árvore. “Mas essa sua caminhada não tem rumo? Apenas sai andando e vai para onde o vento te levar?”, agora minha expressão de assustada se transformou em curiosidade. “Rumo, isso é uma palavra que passa pela minha cabeça a cada minuto, qual o rumo disso? Para onde vou? Mas não sei, apenas ando, mas com o sentimento que chegarei ao meu destino, mesmo não sabendo qual”, ele disse. “Não consigo entender como uma pessoa jovem como você, bonito pelo que vejo, sai sem rumo, sem nenhum objetivo”, disse sem me impor muito, já estava agoniada. Então ele colocou sua mão em meu ombro e me olhou fixamente. “Mesmo que eu ande sem rumo, e sem nenhum objetivo, eu sei que não é atoa, já passei por muitas coisas em minha vida, dor, muitas lágrimas, perdas e também houve muita felicidade, mas logo dor, lágrimas e perdas novamente. Então, essa minha caminhada é para eu chegar em algo ou a algum lugar, mesmo que eu não saiba qual, mas serei recompensado por todo esse caminho pelo qual já percorri”, ele disse com uma voz um tanto serena, e eu quase já não reconhecia mais o rapaz que sentou ao meu lado e que disse um “oi” com uma voz sem ânimo e sem vida. Fiz uns belos trinta segundos de silêncio para pensar no que ele disse e então retruquei: “E você acredita mesmo nisso tudo? Que ao final dessa sua jornada você terá alguma recompensa? E se tudo isso for em vão? Acabar e não acontecer nada de bom?” - Já o olhava de maneira diferente, não sei dizer como, talvez com mais agonia por isso, pelo medo dele não conseguir nada com aquilo que estava fazendo. Acho que nesses trinta minutos de conversa já tinha me afeiçoado a esse rapaz, como se fosse um amigo. Então ele me respondeu: “Sim, eu acredito. E é por isso que continuo nessa caminhada. Mas se ao final de tudo não houver recompensa, não me importo. Tudo o que eu já aprendi, vi e vivi até aqui em todo esse tempo já vale, talvez isso seja minha recompensa na verdade, aprender com perdas, dor, lágrimas e ganhos também. Aprender com as pessoas, talvez esse seja a maior recompensa, porque conheci muita gente e de todos os tipos, e tive experiências das quais levarei por toda minha vida, e assim como hoje, você esta fazendo parte da minha vida também e vou levá-la em minhas histórias. Porque por mais que a gente não se conheça, eu sei que dentro de você se passam muitas coisas boas, sei que você também já sofreu muito por alguém ou por algo e já passou por fortes dores, lágrimas e perdas, e essa sua preocupação de eu não conseguir é a mesma que você já teve um dia, eu sei, mas você superou não foi? Você foi forte e conseguiu, não é mesmo?. Pois bem, eu costumo não esperar muita coisa de pessoas que acabo de conhecer, mas eu sei reconhecer uma boa pessoa com alguns minutos de conversa, e são os gestos mais bonitos dessas pessoas que eu prezo e guardo comigo, e isso também me ajuda a não desistir. E por isso acho que não é em vão essa minha caminhada, tudo está sendo um aprendizado, na verdade”, logo que ele acabou eu abaixei minha cabeça olhando para o chão e ficamos em silêncio por alguns segundos o que me fez, mesmo que rápido, pensar um pouco - pensei, e falei: “Não sei o que dizer, nunca pensei de tal forma. Para mim objetivos e resultados sempre foram prioridade para eu buscar algo. E como você sabe dessas coisas que passam ou que já passaram comigo eu não sei, mas de alguma forma eu acredito em você. E tudo o que você me disse fez-me ver outro lado, do qual não acreditava, de seguir e de olhar para frente mesmo não sabendo o que irá encontrar, mas de continuar acreditando e perseverando, e mesmo que, o que espera não aconteça, de alguma forma você já o conseguiu sem saber. Palavras simples, e sábias. Eu aprendendo com uma pessoa que conheço a menos de uma hora, incrível”, desabafei. Olhei para o lado do jovem para obter algum tipo de expressão e ele já não estava mais, e então eu fiquei sem entender, pensei até em ter cochilado e aquilo ter sido um sonho, apesar de ter parecido tão real. Sumiu, e nem falou seu nome ou de onde veio, também não perguntei, mas talvez ele iria falar. Pode ser que ele passou só para me colocar em sua história de mais uma entre outras tantas conversas de uma hora ou menos. Ele se foi e eu não consegui parar de pensar naquele jovem que chegou com uma aparência tão piedosa e se mostrou tão sábio com palavras simples mas com intenções maravilhosas. E eu, ainda continuo aqui sentada, pensando, entendiada, mas pensando no que uma pessoa pessoa sem nome e sem rumo me disse.

O que há, não sei

Não consigo escutar mais nada, tudo ficou mudo, e já não consigo mais ouvir as vozes que vagam em meus pensamentos. Está tudo tão estranhamente calmo, obscuro demais e mais do que estranho, distorcido. Todas as palavras que são pronunciadas ou jogadas a mim se transformam em um louco quebra-cabeça, ou como se fosse um monte de cacos que não se encaixam por mais que sejam de uma mesma peça. De onde veio tudo isso? Como tudo aconteceu? Enlouqueci, e ninguém quis me colocar em um hospício? Como não? Perguntas sem respostas, apenas. E então, eis que descubro que estou presa em um sonho, mudo, igual ao cinema, mas no meu sonho não há legendas, tenho que decifrá-lo da maneira mais cabível a mim e com a as ferramentas, ou não, que estiverem em minhas mãos, ou ao meu alcance. É uma busca por respostas quase que interminável e enlouquecedora, sem ruídos, sem sons, sem nenhuma espécie de gemido, ou ofegação. Assim, comecei a me sentir em um abismo em que eu só sentia meu corpo caindo, sim, como a Alice. Mas meu sonho não era cheio de efeitos especiais, cores e caras legais, tudo não passava de preto e branco como os uniformes de presidiários, e eu poderia falar até que estava em uma cadeia, nada muito diferente, só as grades que me mantiam presas eram diferentes.